30 de ago. de 2013

oi... calma... eu não vim atrapalhar tua vida e nem perturbar a dor do teu silêncio, não quero te pedir nada. eu não vim te dizer tudo o que eu não disse e nem ouvir se tu tem ainda algo a falar.

eu não quis ir embora? eu fui.

eu sei que o quanto tu insistiu e sei também o quanto te admirei por isso. eu sei que o mais honesto e generoso a fazer, contigo, e com nós dois, é ir embora de verdade. mas o que eu posso fazer se fico a dar voltas e voltas no mesmo lugar?

então vim só atrás da saudade. essa doida que me puxa pelo braço e me trás para cá, para o nosso retrato. para o teu sorriso. para os nossos dias.

só vim dizer que há um vazio gigante que ronda o meu quarto, um aperto que me faz querer ouvir tua música. que me faz te procurar perdido entre as ondas e sorrir ao te ver voltando pra me acompanhar no chimarrão solitário na areia. uma quantidade de dor que não sai de mim. e, quando ela sabe disso, vem aqui e me sufoca, diz que não me resta mais nada além das memórias e fotos.

ela é cruel.

eu só queria falar dela, essa coisa que, vai e vem, passa por cima de mim, me deixa sem voz e sem estrada. essa sensação de que eu deveria sair dessa cama agora e ir até o teu ouvido e dizer que é só saudade, mais nada.

25 de ago. de 2013

ela bateu com o dedinho do pé na quina da cama e começou a chorar como um bebê.
a dor foi embora. mas ela continuou chorando.
só que não adiantava querer se enganar (tudo bem que bater o dedo assim dói, ah se dói),  mas ela sabia que não chorava mais de dor, pelo menos não por causa do dedo.
e ele ficou preocupado, nunca tinha visto ela chorando daquele jeito. ela era tão forte que as vezes ele até se assustava com isso. ele não sabia o que fazer para que ela cessasse as lágrimas.

e então ele percebeu que não podia fazer mais nada. ele percebeu que ela estava procurando desculpas pra partir. ela chorava e ao mesmo tempo se despedia com aquele choro sem fim. ia falando um adeus bem  baixinho. esqueceu-se do dedo, da quina da cama, esquece-se porque chorava, esquece-se porque estava ali.

e então foi.