11 de dez. de 2013

Estava sentada no banco lendo, eis que uma menina bonita com cachinhos e um vestido lilás, que deveria ter uns 10 anos, diz: “mãe eu sei que não dá pra abrir os presentes antes do natal, mas eu queria tanto saber qual dos presentes é o meu, eu queria que fosse aquele bem grande com o papel de papai Noel”. Então fiquei lembrando de quando eu só tinha o metro do meu um metro e sessenta e cinco centímetros de altura, meus olhos no mês de dezembro, ficavam a tentar desvendar qual das caixas por debaixo da árvore guardava o meu presente. Eles torciam para ser a maior, porque desde pequena eu achei ser o maior embrulho aquele que continha o melhor presente. E, desde pequena também, a vida se acostumou a gritar no meu ouvido "Aprende, Josiani", contrariando tudo que eu achava dela. Claro que o maior pacote nunca foi meu. O meu sempre era aquele embrulho meio esquecido, nem grande, nem pequeno. E quando eu abria o embrulho meio esquecido, tamanha era a minha surpresa ao ver que meus pais sabiam me ensinar com exemplos pequenos a não julgar o conteúdo pelo pacote. E a vida e meus pais continuaram gritando no meu ouvido até que um dia eu entendesse isso.

Não foi nada fácil. Eu insisti por muito tempo em abrir o maior berreiro pela maior boneca da loja. Mas, como a vida é de um mistério que não é tão mistério assim, as menores de todas as coisas insistiam em fazer círculos a minha volta. E então eu aprendi na marra que a maior boneca de hoje seria amanhã substituída por uma maior e que a pequena não poderia ser menor porque ninguém se interessaria por ela. Que “bolita” duraria mais tempo que bola de vôlei e, se boa jogadora eu fosse, elas me trariam mais bolitas. Que bexiga cheia de água teria o formato que eu quisesse que tivesse e que a piscina não. Que todos os minutos fabricando uma bola de futebol com jornal e fita crepe seriam mais cheios de sorrisos do que fazer um gol com a bola de futebol de jornal e fita crepe. Que nosso corpo é formado de muitos milhões de bolinhas pequenas chamadas células e que são elas juntas que lutam pela gente. Que a massa do átomo está toda no seu núcleo, núcleo este que é 100 mil vezes menor que o próprio átomo mas determina cada um dos elementos químicos. Que a rabiola da pipa é cheia de tirinhas pequenas de plástico que sustentam todo o peso do desenho geométrico que risca o céu, e que cortar essas tirinhas de plástico é muito divertido.

A vontade que eu tive foi de pegar aquela menina no colo e contar pra ela isso tudo, mesmo que isso tudo não levasse a nada.

7 de nov. de 2013

Do amor e outros demônios, Gabriel García Márquez


Ela lhe perguntou num daqueles dias se era verdade, como diziam as canções, que o amor tudo podia.
- É verdade - respondeu ele -, mas será melhor não acreditares.

Gabriel García Márquez é um desses autores que provocam na gente aquela vontade desesperadora de correr pruma livraria e comprar o melhor kit de canetas coloridas que lá tiver. E isso só para poder transcrever trechos num caderno bonito de forma especial pra guardar ainda mais vivo na memória e no coração. Um chimarrão e o mar também são bons amigos das canetas coloridas junto a um amor ao final do dia para a gente ligar e dizer "Tem um trecho aqui que eu quero ler para você".

É fascinante!

Suas palavras mesmo representando o real não conseguem se desgrudar da magia, e para pessoas como eu, que não conseguem viver excessivamente a realidade nem viver para sempre em sonhos, suas palavras ocupam espaços na alma. Preenchem direitinho aquele lugar que está vazio ou aquele outro guardado para as lanternas que iluminarão nossos caminhos pela vida inteira.

Antes de acabar "O amor nos tempos do cólera", eu não resisti ao passar pela Cultura e já me dei de presente "Do amor e outros demônios". E foi um demônio ter um livro novo, com cheiro de novo (<3 <3 <3), com capa de novo, com jeito todo de novo do mesmo autor por quem eu estava me apaixonando enquanto lia outra obra sua numas páginas mais amareladas. Eu queria ler logo o novo e ao mesmo tempo queria reler os parágrafos do livro que já estava lendo. Coisa de gente maluca, tão eu.

Terminado um, no mesmo instante comecei o outro. Devorei "Do amor e outros demônios" em menos de semana. E não por motivos de leitura fácil, porque García Márquez por vezes é denso em seu vocabulário e reflexões, mas por vontade de nunca mais me desgrudar de suas palavras.

Levei o livro pro trabalho pra ler quando um paciente faltava. Levei pro mercado pra ler enquanto esperava no caixa. Levei pra terapia e nunca foi tão prazeroso a espera para ser chamada. Levei pro shopping e li mais um tanto enquanto minha irmã experimentava todas as roupas da loja. Levei à delegacia por motivos óbvios. Só não levei mesmo foi pra academia. Terminei sua última frase na cozinha no exato momento em que o água fervia. Provavelmente as pessoas do meu convívio diário não aguentavam mais todas as citações do autor que eu fazia questão de lhes contar e todas as reflexões que vinham em torno delas.

A história da menina com metros de cabelo e mordida por um cão raivoso é muito mais do que uma história lúdica. É antes uma baita de uma reflexão sobre o amor e seus demônios, com um fundo de criticidade genialmente elaborado às instituições religiosas e a seus membros. E não importa quanto tempo a gente se demore em lê-la. Demorar para ler as histórias de García Garcia Márquez foi umas das coisas mais fantásticas que já fiz na vida.
São daquelas histórias que a gente nunca mais quer parar de ler.

5 de nov. de 2013

mãe , amor de uma vida (inteira!)

é preciso uma folga na saudade.
mal passou uma semana desde que te vi pela última vez, mas eu nem liguei em me enrolar no teu abraço e deixar escorrer as lágrimas de tanto amor maior ali. parece que a cada dia eu te amo mais, nem eu entendo isso de tão infinito que é.
ontem a noite eu deitei cedo, tava querendo sonhar, mesmo que acordada. queria sonhar e lembrar do sonho. e mãe, tu sabe bem como são os meus sonhos doidos né? mas a noção de realidade que eles trazem na manhã seguinte é algo tão certo. e ontem foi como se eu estivesse estado contigo. foi assim que eu passei pedaços da minha noite ao teu lado. mas o despertador tocou no meu ouvido, e a idéia que meu coração abrigava era a de abrir a porta e te ver na cozinha dizendo que a cama tava pedindo socorro, de tanto que eu dormia.
faz 9 anos que eu peguei minha mochila e vim embora, e eu ainda escuto o eco da tua risada. ainda sinto falta da tua implicância com minha mania de torrar no sol do meio dia. sinto falta da nossa bagunça, da briga pra decidir quem lava e seca a louça. da tua torta de chocolate. sinto falta de ouvir tua voz junto aos sinos chamando pra ir na missa nas manhãs frias de domingo.
hoje de manhã, logo depois de desligar o despertador e ficar sorrindo das minhas idéias malucas, fiquei imaginando o que tu estaria fazendo. fechei os olhos de novo e decidi que era um fim de semana. imaginei a casa com música e a Cheli correndo em volta da mesa de centro da sala. tu gritava da cozinha pra abaixar o volume. eu agradecia (mas pouco importava porque era só eu que te ouvia). enquanto esperávamos o churrasco tu vinha com um sorriso no rosto e uma dança cheia de trejeitos engraçados. lembra quando meus amigos estavam lá em casa e tu cantava e dançava na frente deles me matando de uma vergonha feliz? aí eu sorri. pensei também que se fosse final de semana, tu chegaria na sala bem na hora do jogo de futebol e me chatearia querendo ver um filme. então a gente ia ver um filme e tu começava a fazer outra coisa na metade. e quando eu de cantinho voltava pro futebol ainda tinha que escutar um “tô assistindo. rá!”
então mergulhei ainda mais e fiquei lembrando de todas as tuas besteiras. das vezes que fuçava meu celular sem saber pra onde ir, de querer falar com meus amigos e contar histórias mentirosas sobre mim. de olhar os meus cadernos todo dia. de entrar no meu quarto quando eu finalmente conseguia dormir, abrindo portas, acendendo luzes e gritando, totalmente afim de me ver com o travesseiro sufocando minha cabeça e recitando poesia fina (xingando baixinho). ou então de me ver presa em casa e dizer “vai sair, tomar um sol”. daí eu ia lá e saia. e saiasaiasaiasaiasaia, pra ouvir o famoso “não tem casa mais não, é?”
eu lembrei de tanta coisa que não cabe em palavras. pensei que eu estava tão tão tão louca aquela vez que sai de casa sem derramar uma única lágrima, sem olhar pra trás, só mirando os meus sonhos.
ah mãe, tu me entende tão bem. eu saí aí de dentro, afinal. e sigo a sorrir meu melhor sorriso quando falam que eu sou tua cara. eu me descomponho, quando num gesto mais bobo, falam que eu fiz igualzinho a ti. tô chorando agora, mas é isso é coisa boa, tá? o mundo todo sabe que somos parecidas, e eu acho isso bastante justo, afinal, tu é linda como ninguém mais sabe ser. riu agora, né?
ontem usei uma blusa preta com uma gola bonita que era minha, depois tua e então eu peguei de volta, lembra? lembrei que eu tinha te dado porque ela ficava mais linda em ti, mas agora entendo porque peguei de volta: pra lembrar de tudo isso. sentiu falta dela? eu senti falta de te arrumar, mãe. vez ou outra penso em ti indo no meu quarto, pedindo ajuda com a maquiagem, com a cabelo. roubando meu perfume, meu batom, deixando tudo bagunçado, só pra ver minha chatice explodir com minha mania de querer tudo no lugar.
nove anos sem te ter. uma semana que eu não te tenho aqui e que tu não me tem aí. um tempo tão grande que por si só já dói. um tempo onde nenhum abraço é capaz de entender o meu silêncio. onde ninguém chega em casa de madrugada e me acorda só pra dizer que encontrou alguém que eu goste na rua e que essa pessoa me mandou carinhos. onde ninguém suspeita da minha tristeza, da minha dor, só de medir meu jeito de olhar. um tempo tão grande, mãe. tempo de uma saudade que é pra sempre. sempre. e essa palavra cabe em ti como em ninguém: sempre. porque é um pra sempre sem fim, coisa certa da vida.
agora vou mãe, não posso mais prolongar essa saudade escrita. beija todo mundo aí por mim mãe. 

eu só tenho uma entrega urgente: eu, pra você.

te amo, mãe.

31 de out. de 2013

o menino e seu cavalo

era domingo e eu estava no melhor lugar do mundo: na casa da dona Marlene e do seu Paulo. o dia estava lindo de morrer, feito pros amores que dão certo e para as borboletas de mil cores que pousam nos meus joelhos (eu sei, ninguém acredita que borboletas pousam em mim). aquele baita solzão de fazer sorrir até a alma quando vem o cheiro de bergamota. estou eu lagarteando e então vejo na outra esquina um menino e seu cavalo. e não sei por que tantas e tantas vezes essa imagem me vem à cabeça agora. sem qualquer palavra lhe acompanhando ou me dando um norte para que dela eu extraísse o que nela há e nela me intriga. tinha alguma coisa naquela cena, o menino de trejeito interiorano com seu cavalo, que martela pregos na minha cabeça desde aquele dia e que eu não soube e nem sei se conseguirei traduzir agora. vou tentar.

antes de dormir, tenho o hábito de fazer minha oração dum jeito meio louco mas meu que é o de visualizar Jesus caminhando ao meu lado e ao lado das pessoas que amo. e o que anda acontecendo desde domingo é que muitas das vezes em que me ponho a rezar o menino e seu cavalo aparecem no espaço do horizonte no qual converso com Deus. e eu fico tentando entender o que ao certo a vida quer me dizer com esse menino e seu cavalo, ou o que Deus quer me dizer sobre a vida de um menino e seu cavalo. e, talvez, hoje eu tenha conseguido entender um pouco desse mistério.

acho eu que ao percorrer a longa estrada dos nossos caminhos, a vida sem pressa, nos faz um convite. ela diz: Olha! e a gente, tão cheio de pressa para o final do percurso, não vê coisa alguma, ou quando vê acha que devia ver mais do que realmente há. a gente talvez tenha um certo vício de traduzir tudo, de transformar o mundo em algo que possa estar dentro duma órbita monitorada por nós. mas, talvez, a verdade daquele menino e de seu cavalo seja intraduzível, insubstituível. seja a palavra que nunca alcançará a definição de algo porque este algo simplesmente não precisa de definições. pois este algo por si só já é.

o menino e seu cavalo estavam na estrada do meu caminho, eu vi, e vi com olhos de quem vê, não de quem fantasia, não de quem cria, ou de quem a partir dali passa a descrever uma outra vida para o menino e seu cavalo. a vida me fez o convite. eu aceitei. olhei. e pronto. não há o que falar sobre porque há muito a se falar sobre.

para tentar deixar o que quero dizer um pouco menos maluco, penso que a palavra mais próxima do que sinto lembrando o menino e seu cavalo seja "humildade". a humildade perante a capacidade que eles tiveram de me colocar no lugar de quem agora sabe que, em alguns momentos da vida, as palavras devem se recolher e deixar o cotidiano ser com toda a sua força: real.


22 de out. de 2013

Acabei de almoçar com uma amiga e fui 'privilegiada' por ouvir 12 vezes no intervalo de 1 hora a mesma frase: "ah não aguento mais, tenho dedo podre pra relacionamentos", referindo-se ao fato de que, repetidas vezes, envolveu-se com o que considera "o homem errado" ou, como são mais comumente conhecidos, os tais "cafajestes".
Então cá estou eu a pensar nisso, visto que em conversas com elementos xx é uma das frases mais ditas por mulheres solteiras (e, às vezes, até por casadas).
O termo denota alguém desqualificado, vulgar, canalha, desprezível, infame. Acho até bem pesados esses sinônimos, ainda mais se levarmos em conta que, em muitos casos, nem se trata desse tipo de comportamento, mas apenas de homens que se relacionam de forma imatura, incoerente ou defendida diante do amor.
Pela milésima vez estava eu a ouvir aquelas tão bem conhecidas lamentações:"Será que o problema sou eu? Será que eu que atraio esse tipo de homem, esse tipo de relacionamento na minha vida? Ou será que sou atraída por eles?"
Penso eu que no final das contas, atrair ou ser atraída talvez seja o que menos interessa. Dá no mesmo! A consequência é sempre aquele kit de sentimentos desagradáveis -frustração, baixa autoestima, aflição, sensação de ter sido feito de boba, entre outros que certamente muitas mulheres conhecem muito bem.
O fato é que, se você atrai ou se se deixa atrair, sinaliza que sua dinâmica interna e sua energia estão fazendo gancho com a cafajestagem. Você está sintonizada com esse tipo de situação. Você e o relacionamento que inclui a cafajestada estão se nutrindo reciprocamente. 
Em geral na vida, e também no amor, tenho cada vez mais certeza de uma coisa: o que você é não passa do reflexo daquilo que você vive! Trata-se de ser, mais do que de achar, querer ou pensar. Você atrai pessoas parecidas com você, que vão de encontro as suas verdades, suas crenças, suas sentenças mais intensas e íntimas em seu corpo, sua mente e seu coração.
Mas amiga, (sei bem que tu vai ser a primeira a ler até o fim), veja bem, não queira meu mal (hehehe), não estou querendo dizer que tu é tão cafajeste quanto os homens com quem tem se relacionado. mas estou, sim, dizendo que só se relaciona com um cafajeste quem, bem lá no fundo, ainda acredita (e só tu sabe porque ainda acredita) que merece só isso! Porque quando deixar de acreditar, não há cafajeste no mundo que vai conseguir despertar teu desejo. que dirá teu coração...  


16 de out. de 2013

a gente brincava de barbie todos os dias. três horas para arrumar a casa e outras quatro brincando, todo dia.  (que pais bons eu tive, que construíram uma casa tão linda especialmente pra eu ser feliz no quintal, que sorte eu tive por ter nascido num lugar que ainda era tempo de meninas brincarem de boneca).

até que um dia, ela me ligou:
-Onde vamos montar a casa hoje?
-Não sei...eu estava pensando, pensando e... acho que não quero mais brincar.
-Como assim? Por que não?
-Porque eu me dei conta de uma coisa... Qual é o objetivo dessa brincadeira no fim das contas? Não tem um objetivo...
ela então ficou alguns segundos muda do outro lado da linha e suspirou:
-É... acho que tu tem razão e desligou o telefone.

alguns dias depois a vontade de brincar voltou e eu liguei pra ela, mas ela não quis mais.

ela nunca mais quis. eu coloquei aquela dúvida na cabeça dela e foi por causa daquela dúvida que a gente nunca mais brincou.

besteira nossa, mas a gente jamais poderia imaginar que nada nessa vida tem um objetivo muito claro.

14 de out. de 2013


apruma tuas asas. depois canta. canta o sol, o doce de leite condensado, o cheiro de livro novo. inventa os teus dias. bota neles o que tu mais gosta. energia muita. descruze os braços. bota um tiquinho de cada coisa que te faz sorrir. uma casinha branca com vista pro mar. um vaso com flores - amarelas- e uma rede na varanda. pra poder espiar as estrelas lá fora. permita que o vento bagunce teus cabelos e desgoverne teus passos. às vezes, é preciso que as coisas percam o sentido. permita que elas te toquem. fundo. então voa.

os desejos têm a força de mil asas.

7 de out. de 2013

uma moça quase partiu para abraçar um sonho que a esperava do outro lado da rua.o sonho vestia uma camisa azul da cor do céu e sorria até a nuca.

acontece que o sinal ficou vermelho e o engarrafamento do meio dia não a deixou atravessar. o farol custou a abrir novamente e a menina ficou inquieta. ela mexia tanto os pés que me deixou nervosa.

ah, mas como foi bonito ver o sinal ficar verde e a moça sair correndo para abraçar o sonho que ficou ali esperando, você precisava ver que cena mais linda.

3 de out. de 2013

eu logo tracei o perfil dele: estudioso, perfeccionista (e por isso um pouco chato), extrovertido e bastante convicto. dela eu não pude dizer muita coisa, porque ela ficou o tempo todo gastando energia tentando ser legal. preferia ter visto o rosto verdadeiro, mas não consegui.

é bem chato quando de repente o tempo passa e você se descobre completamente enganada sobre todo mundo.
as pessoas escondem-se atrás de cascas, usam máscaras e desperdiçam sua energia diária tentando ser outras coisas, mas é infalível: vem o tempo e mostra tudo.

2 de out. de 2013

asa da borboleta

ela foi assaltada, como todo mundo é aqui, como todo mundo sabe que vai ser um dia.
e, eu sei, eu amo essa cidade. poderia estar agora trabalhando lá naquela outra em que as pessoas dormem com as portas abertas, abri mão dessa chance. não tenho nem esse direito de reclamar.

mas por que com ela? sem demagogia, que fosse antes comigo. porque com ela tinha sido diferente. e foi diferente porque ela é diferente de todo mundo. ela é de verdade, não tem casca, dirige mal, tem fé, respeita os mais velhos, sabe ser feliz com a felicidade dos outros, é honesta. ela é quase de vidro. não, vidro até que é resistente, ela é feita de um material como a da asa da borboleta. você já encostou na asa de uma borboleta? ela se desmancha na mão. deixa um brilhinho nos seus dedos e desmancha. ela é isso. e quando o guri quebrou o vidro do carro dela, ameaçou-a com uma faca e ela olhou de perto aqueles olhos drogados, ela se desfez. soltou um brilhinho no banco do carro e desapareceu. é claro que o corpo dela estava ali, em pedaços, mas quem a conhece sabe que ela de fato não estava.

eu tenho tanto ódio desse guri, porque o que ele fez com aquela asa de borboleta vai ser difícil demais de reparar. ela já era medrosa, ficou mais. já morria de medo de dirigir, agora vai ter ainda mais. ela já tinha pesadelos, acordava chorando. eu não quero pensar como vão ser as noites dela agora. eu queria mesmo era zelar os seus sonhos. e se ela acordasse num susto, de repente, eu faria como ela fez comigo quando eu senti a dor do fim do meu primeiro amor. eu não conseguia dormir, chorava, chorava, chorava. não conseguia fazer mais nada. os outros me ligavam e me convidavam pra sair pra dançar.
ela não. ela entrou no meu canto, no meio da madrugada, acendeu a luz, pegou um caderno no chão, uma caneta e fez um jogo da velha. "Vai, é tua vez." depois de quatro partidas eu roncava que nem um porquinho na lama. acordei doze horas depois. e assim foi durante várias noites, até eu cicatrizar aquele amor de criança. queria agora pegar uma folha de papel, desamassá-la e jogar jogo da velha com ela, até o brilhinho da asa da borboleta voltar, até a borboleta  uma outra vez achar que o mundo é feito de flores. porque o mundo não é, o mundo na verdade muitas vezes é feio. o mundo são meninos drogados que ameaçam pessoas, e eu não quero mais falar sobre o que o mundo é, é algo que não me dá prazer algum.
mas ela, ahh, ela solta brilhinho de borboleta na vida dos que a cercam.

30 de set. de 2013


hoje, depois de anos e anos, eu vi um dente-de-leão, é aquela flor que você assopra e realiza desejos.

lembrei de uma vez, quando eu ainda usava aparelho e trancinhas nos cabelos, em que coloquei uma das sementes dentro de um vidrinho.
fiz isso porque eu queria guardar uma das sementes daquele desejo e dar a um menino que sorria bonito.

ele não entendeu nada. observou aquele vidrinho tão sagrado para mim e fez cara de interrogação. sorriu e colocou no bolso.

ele nunca compreenderia o encanto da preciosidade que tinha dentro daquele vidrinho que eu o entreguei com tanto carinho. nunca. porque tem gente que entende e tem gente que não.

o desejo que eu fiz com aquele sopro era simples, uma pequena bobagem. eu pedi que ele sempre me fizesse companhia nos passeios de bicicleta.

quando ele me olhou, sorriu e disse tchau, eu não parei de acreditar que dentes-de-leão realizam desejos, e nem desisti de assoprá-los quando os vejo.

porque aquela flor me fez um favor gigante não concedendo o meu pedido: eu nunca poderia amar alguém que não entende um vidrinho com uma sementinha de dente-de-leão dentro.

28 de set. de 2013

têm dias que fica difícil até a troca de ar.
você tenta achar uma ilha no meio do oceano. 
os braços estão cansados e você pensa que poderia ficar boiando até o dia em que as respostas te permitirem sair dali voando.

então a vida pára.
os sonhos ficam ali, estanques. como se não os fossemos mais capaz de move-los.

ninguém sabe ao certo porque as coisas acontecem se não são feitas para durar, não assim.

então você percebe que quando as pétalas de uma flor caem, é melhor não pensar em porquês; é simples: é que isso pode ocorrer. 
uma vez um garoto me disse: c'est la vie. 
mas eu era jovem demais para compreender. 

hoje, eu sei: 
vai entender a lógica desse quebra-cabeça?  

26 de set. de 2013

a janela

dia daqueles lindos de viver, céu azul, sol, flores. estou eu indo para a academia ouvindo "just dance, gonna be okay (da-da-doot-n), just dance, spin that record baby (da-da-doot-n)", super na expectativa de detonar no jump e depois comer bem feliz o cachorro quente que sobrou de ontem.

fecha o sinal, alinha-se a mim um carro com uma mulher, loira, cabelos longos, cachecol com estampa lilás, bonita. vidros baixos, som alto, e lágrimas correndo.

ela chorava, chorava desesperadamente. um choro profundo e sem fim. fiquei imaginando o que teria acontecido, teria ela perdido a mãe, sido demitida, descoberto uma doença grave, terminado um relacionamento longo. coitada, a minha vontade era de perguntar: moça, tem algo que eu possa fazer? mas claro que não o fiz.

sinal abre, começo a torcer para que nos alinhássemos novamente no próximo, o que não ocorreu.

ela foi embora e cá estou até pensando no que levou aquela linda mulher a transparecer assim, sem medo.

quantas e quantas vezes eu já não tive vontade de chorar desse jeito, feito uma criança. chorar verdades. sufoquei. mania de ser forte. mas fico a pensar se a forte não era ela, que expressou assim, sem amarras, os seus sentimentos. porque a gente brinda e canta a alegria. mas temos vergonha do triste. como se fosse pecado.

queria eu ter lhe dado um abraço, dizer que iria ficar tudo bem, que a moça linda era linda e sorrir.

17 de set. de 2013

tua escova de dentes dentro da  minha gaveta dói mais que o silêncio do meu telefone. ela esperneia, grita, suplica pra que você venha buscá-la. por causa dela eu vejo os teus dentes a espera da escova, a tua boca, o teu abraço, a tua mania de perturbar meu sono com o barulho da tv. não adianta guardá-la, os gritos atravessam a gaveta, atravessam os meus sonhos, os meus dias.

e sabe o que mais dói? de todas as coisas que eu tinha, ela é absolutamente tudo que me restou.

30 de ago. de 2013

oi... calma... eu não vim atrapalhar tua vida e nem perturbar a dor do teu silêncio, não quero te pedir nada. eu não vim te dizer tudo o que eu não disse e nem ouvir se tu tem ainda algo a falar.

eu não quis ir embora? eu fui.

eu sei que o quanto tu insistiu e sei também o quanto te admirei por isso. eu sei que o mais honesto e generoso a fazer, contigo, e com nós dois, é ir embora de verdade. mas o que eu posso fazer se fico a dar voltas e voltas no mesmo lugar?

então vim só atrás da saudade. essa doida que me puxa pelo braço e me trás para cá, para o nosso retrato. para o teu sorriso. para os nossos dias.

só vim dizer que há um vazio gigante que ronda o meu quarto, um aperto que me faz querer ouvir tua música. que me faz te procurar perdido entre as ondas e sorrir ao te ver voltando pra me acompanhar no chimarrão solitário na areia. uma quantidade de dor que não sai de mim. e, quando ela sabe disso, vem aqui e me sufoca, diz que não me resta mais nada além das memórias e fotos.

ela é cruel.

eu só queria falar dela, essa coisa que, vai e vem, passa por cima de mim, me deixa sem voz e sem estrada. essa sensação de que eu deveria sair dessa cama agora e ir até o teu ouvido e dizer que é só saudade, mais nada.

25 de ago. de 2013

ela bateu com o dedinho do pé na quina da cama e começou a chorar como um bebê.
a dor foi embora. mas ela continuou chorando.
só que não adiantava querer se enganar (tudo bem que bater o dedo assim dói, ah se dói),  mas ela sabia que não chorava mais de dor, pelo menos não por causa do dedo.
e ele ficou preocupado, nunca tinha visto ela chorando daquele jeito. ela era tão forte que as vezes ele até se assustava com isso. ele não sabia o que fazer para que ela cessasse as lágrimas.

e então ele percebeu que não podia fazer mais nada. ele percebeu que ela estava procurando desculpas pra partir. ela chorava e ao mesmo tempo se despedia com aquele choro sem fim. ia falando um adeus bem  baixinho. esqueceu-se do dedo, da quina da cama, esquece-se porque chorava, esquece-se porque estava ali.

e então foi.

8 de mai. de 2013

sorrio

sorrio quando vejo bebês,
sorrio com a vontade que tenho de pegá-los pra mim.

sorrio quando vejo o sol na minha janela,
sorrio sentindo ele bater no rosto numa manhã fria.

sorrio quando faço alguém sorrir,
sorrio por trabalhar com sorrisos.

sorrio quando vejo velhinhos de mãos dadas,
sorrio pela cumplicidade, lealdade, admiração e pelo respeito.

sorrio quando alguém sorri pra mim,
sorrio em saber que ainda tem gente feliz por dentro.

sorrio só em imaginar que pra sempre eu vou ter olhos para gostar dessas coisas.

25 de abr. de 2013

um novo olhar

quantos domingos eu acordei as sete pra abraçar os livros e quantas praias e jantares deixei de ir. foi tão árduo. foi tão chato pros que estavam do meu lado. quanta gente eu deixei no caminho?

eu sabia o que estava fazendo e exatamente o que queria.

os frutos vieram. era 2010 e eu tinha 22 anos, já formada e com um trabalho que sonhei. e então o óbvio era que eu estivesse feliz...e estava... mas uma angustia seguia-me nos meus sonhos e nos meus dias. precisava me reencontrar comigo mesma. foi então que tudo mudou.

não sei, às vezes eu penso que a vida sabe direitinho o que fazer, por pior que pareça ser, as coisas acontecem quando é a hora.

fiquei sozinha e descobri tanto sobre mim mesma que não há como dimensionar. aquela garotinha que nasceu numa cidade de 4 mil habitantes foi então descobrir o mundo, dentro e lá fora. doeu. foi preciso coragem para enfrentar a própria solidão e descobrir o quanto ela fortifica o ser humano.

chorei verdades e senti vazios. sorri pra lua e dormi na areia.

viajei, me encontrei.

vivi em um ano o que eu não tinha vivido em 22. até então, não conhecia quase nada da vida, nem geograficamente, nem de mim mesma.

Rio de Janeiro, Buenos Aires, Fortaleza, Natal, Salvador, Ilhéus, Londres, Paris, Amsterdam, Búzios, Santos, Maresias, Foz do Iguaçu, Punta Del Este. 2012 foi o ano que eu aprendi a viajar -com a alma e com olhos - que foram muito mais dois corações do que minha visão de mundo...

sentir prazer com bolhas nos pés, comer percevejos fritos, se perder de madrugada sem endereço e sem dinheiro, fazer carinho em uma cobra de 11 metros, ficar amigo de gente tão diferente e tão longe – gente que meus olhos provavelmente nem irão mais ver, percorrer vilarejos de bicicleta, dormir sobre a grama da tour eiffel, conversar com um indiano e ficar morrendo de vontade de conhecer a Índia.

voltar pra casa, deitar na cama e sonhar com a próxima viagem.

qualquer coisa que eu possa falar não descreve o que tudo isso foi, o que tudo isso é. sinto que foi como deixar-se perder num lugar novo para depois me reencontrar comigo mesma.

a liberdade é uma miragem. você olha ela bem longe e então quando vive ela você continua olhando cada vez mais longe.
não dá pra ser totalmente livre, de corpo e alma. exceto se você não quiser ter laços e nem cativar flores. mas me diz, o que faz a vida mais feliz que poder contar com alguém depois do sol e da chuva?
antes, você só precisa conhecer o que tem atrás dos seus olhos. enxergar o que você é, o que você quer e para onde está indo.

o amor pelos seus sonhos vem depois, primeiro ele vem por você.

10 de abr. de 2013

se a vida inicia aos 30, eu ainda nem nasci

ontem tava lendo uma entrevista de  Nelson Rodrigues na qual ele disse uma frase que me fez ficar divagando:
"um homem só aprende a falar bom dia pra uma mulher depois dos trinta anos."
lá fiquei eu com mas e mais mas na minha cabeça. já tendo lido bastante de suas obras, sem retirar um pingo dos is de seu talento para a dramaturgia, e conhecendo alguns homens de trinta e tantos anos, eu suspeito de que a afirmativa seja mais uma frase de efeito do que uma verdade. verdade absoluta, na verdade, creio que não é. trata-se, digamos, de uma quase verdade absoluta.

uma mulher que não seja tão exigente, o que não quer dizer que ela tenha menos de trinta anos, pode não entender de bom dias como supõe Nelson. essa sensibilidade para cumprimentos matinais (ficou poético, não?) tem mais a ver com beleza de saber escutar do receptor da mensagem do que da delicadeza do saber falar do emissor da conversa. confuso? explico.

sabe aquele ditado furado que diz: a beleza está nos olhos de quem vê? então, ele não é tão furado assim e serve direitinho ao que eu quis dizer. para uma conversa no parque dar em namoro deitado à rede sob um céu estrelado, precisamos de um bom dia bem dito e de um bom dia bem escutado. e para isso ocorrer, simultaneamente, num dia azul e feliz, precisa-se de outro 11 de setembro! é raridade.

duas pessoas vividas (o que, martelo, não tem tanto a ver com idade como Nelson afirma) para entenderem de bom dias, precisam de ausências semelhantes, ou melhor, de ausências idênticas, ou melhor ainda, de ausências contrárias. elas precisam sentir falta de algo que as una: ou porque falta também no outro, ou porque um tenha pra dar e vender, ou porque ambos se conformarão juntos de que não têm o que procuraram a vida toda e, exatamente por isso, se encontraram.

exemplificando...

é necessário que ele tenha um rádio de pilha e ela uma lamparina. é preciso que ele não saiba dançar e ela tenha dificuldades para achar uma estação que ainda toque legião. é muito importante que ele pise no pé da moça e que o moça, não encontrando a estação, cante no pé do ouvido dele. e mais importante ainda é que esse primeiro encontro não dê certo. afinal, um bom dia belo à beça de se escutar só é dado depois de muitos bom dias feios à beça dados e gagos. a experiência tem a ver com tentativas, falhas, percepção das falhas e novas tentativas, novas pessoas, novos encontros, novos lugares... um novo que, na verdade, vem de um renovar.

e isso a gente aprende com anos bem vividos, sofridos, calosos. até acho que talvez existam alguns homens de trinta anos, Nelson, que tenham trinta anos de tão péssimos dias que invalidem a afirmativa - e eu até conheço alguns!  mas me atrevo a dizer, mesmo com esses poucos anos nas costas e quase tudo ainda a aprender, que precisamos de muchas noches de chororô, para termos, nós mulheres, ouvidos aguçados para um cumprimento verdadeiro. e eles também. precisam ter chorado muitos baldes d'água. já que, é bom lembrarmos, um bom dia é, antes de qualquer coisa, um desejo de felicidade plácida que a gente só sabe dar a um homem ou a uma mulher quando a experiência de vida já nos deu noites mal dormidas, sobre a rede, sólitos, sem estrelas pra contar o quanto choramos por amor.

13 de fev. de 2013

crescer dói

hoje acordei pensando em como a gente aprende com a dor. em como os anos nos acrescentam. em como os tombos nos fazem mais fortes. eu sei, isso soa um clichê...uma daquelas coisas que avós ensinam mas que a gente não pensa a respeito...e quanto tempo eu demorei pra me dar conta da veracidade inquestionável disso...

fiquei alguns minutos lembrando ontem a noite, antes de dormir, do quão angustiantes e conflitantes foram as aflições que tive na vida e, junto delas, quão valioso foi o meu salto depois de padecê-las.

o amor pela boneca chamada Lily que foi assassinada pelo cachorro do vizinho e me mostrou pela primeira vez a dor de uma perda, o primeiro pirulito de que mais gostava caído no chão e pisado pelo menino mais panaca da classe, o dia em que eu não pude mais sentir o cheiro do café da vó Eva - quando ela teve que ir para o andar de cima, o dia em que eu sai do colo da mãe, com 16 anos e uma mochila e uma cidade grande e desconhecida e uma universo de pessoas estranhas que passavam por mim e nem oi diziam até o dia em que eu descobri que príncipes podem virar sapos e que contos de fadas não passam de sonhos. doces e de doce de leite. 

tudo isso e tudo o mais no meio disso tornaram-me essa mulher de um metro e sessenta e cinco centímetros de altura e muitos outros de olhar...

reconheço garotos bobocas de meia tigela que paqueram garotas cujo pirulito jogam no chão à anos luz da terra, onde quer que eles se escondam e se mascarem de estrelas. aprendi a discernir quem brilha por uma noite no céu dos meus sonhos doidos de novela das oito e quem acende o céu pra que eu amanheça descabelada e bela.

depois de ver tanta gente fazer mal uns aos outros, sofrer bocados e mais bocados por amizades incapazes de perdoarem e muito capazes de cometerem os mesmos erros que eu cometi, identifico amizades no primeiro "oi, tudo bem, meu nome é Josiani, muito prazer".

com a dor do amigo que se foi, o eterno Alan, meu puxa saco e fã do meu futebol de menina de 13 anos, foi também o meu desastrado jeito de deixar as pessoas entrarem para além dos meus olhos. agora, são eles, os meus olhos, com um help da minha alma, que me dizem quem vem pra dentro do infinito de perguntas que me faço. pois, quando se é indefinida, precisa-se definir ao menos amizades que consigam entender de pontos de interrogação.

discernir momentos de amores, amizades de cerveja, bobocas de homens como meu pai, pão doce de pão-doce-de-coco... são aprendizados que a gente só apanha depois de muito apanhar, sabe?


8 de fev. de 2013

2.5 feliz!




hoje foi um daqueles dias SUPER LEGAIS pra mim porque me fez lembrar de como é bom celebrar a VIDA, os AMIGOS leais que passam os anos e permanecem, os SORRISOS, a FAMÍLIA, os meus PAIS (25 anos me ensinaram tudo que eu sei e me fizeram o que eu sou porque o amor é o alierce de um lar como o de vocês).

chego em casa agora, cansada, louca pra capotar, mas senti uma vontade gigante de escrever a minha felicidade, de ser grata aos meus amigos, por terem feito essa data tão bonita, cheia de alegria e também de ovo com farinha e outras coisas que é melhor mesmo deixar em off heheh


amigos de infância que por alegria da vida estão também morando aqui em Porto Alegre e aos que ainda estão lá nas grota e me ligaram, me mandaram mensagens, me transmitiram essa energia boa.



amigos de faculdade, da academia, do trabalho, do futebol, de viagens, de praias...ahhhh coisa linda isso de amizade!!

confesso que teve um choro que veio louquinho pra sair, mas foi contido na unha. porque foi muito, muito bom.

incrível como a irmandade feminina é forte e poderosa: nada pode derrubar um grupo forte de mulheres, ah, não pode. isso ficou claro pra mim quando penso em alguns "probleminhas" e também me lembro do tempo em que me afastei (maior erro dos que já cometi na vida) e sinto essa amizade fraternal das minhas amigas, tenho uma certeza inquebrantável que tudo vai dar certo, SEMPRE.

obrigada a minha mãe,

minha amiga, minha exemplo, que viajou quatro horas para me dar um beijo.







obrigada a uma das minhas sisters de coração,Aninha,

pelo vídeo mais lindo que alguém já fez na vida (e foi pra mim!

hehehe

os telefonemas, as mensagens,as dancinhas, os abraços...

ahhhh essa foi a melhor parte, muitos abraços, de variadas intensidades e cheiros...
FOI LINDO!!


"Porque a vida segue. Mas o que foi bonito fica com toda a força. Certos momentos nem o tempo apaga."


4 de fev. de 2013

"doutora, agora eu entendo o que anjo faz. ele não segura a gente pra gente não cair, mas cuida pra que, quando a gente caia, a gente não se machuque muito." 
Gabriel, 7 anos.

como é possível as crianças terem tanta noção do que é realmente importante?

31 de jan. de 2013

o gigante não me completa, 

pois sou feita de um montão de pontinhos coloridos de uma coleção de canetinhas que só crianças sabem onde encontrar. 

então, gosto que me pintem devagar.

e que parem de vez em quando para ver como estou ficando.


25 de jan. de 2013

o fim que a gente imagina

estava eu tomando um chopinho gelado e comemorando o fato de estar chovendo para molhar as plantinhas. a conversa era sobre a bolsa de valores. duas mulheres produzidas sentadas em uma mesa de bar conversando sobre bolsa de valores e comemorando o fato de estar chovendo. bom, sei que parece e, é, estranho.

eis que por um segundo qualquer eu desvio o olhar do chopp, do olhar e do sorriso da minha amiga e em um raio de 90cm do meu eixo gravitacional vejo um rosto familiar, o felizardo noivo de uma outra amiga, a mais top de todas as minhas amigas. ele não me vê. ao seu lado... opa! uma mulher que não era minha amiga top. ela usava um vestido que experimentei 3 vezes (TRÊS) na Animale  e não comprei porque o que teria que pagar por ele era o equivalente ao que gastaria para ficar uma semana no nordeste. ele segura na mão da moça, e com a outra, passa a mão nos cabelos lindos e loiros dela enquanto quase baba dentro do copo de cerveja. cacilda, BRUXAAA!

depois de sorrisos e aproximações, passados uns 10 minutos, ele me vê.

e eu, josiani do jeito que sou, não consigo tirar o olho. sou uma geleca mesmo né? uma carga de anos nas costas e ainda não consigo disfarçar quase nada.

ele acena e mostra um sorriso amarelo. imagino ele 5 minutos depois saindo correndo dali, passando pela minha mesa (porque no lugar que ele estava, não tinha outra alternativa) e dizendo: "bom te ver Josi, depois a gente se fala."

cara, e ainda dizem que eu não tenho boa imaginação.

instantes depois acontece o esperado.

quando imaginei a cena pensei: vou deixar ele ir.

mas espera aí. nós somos duas irmãs. calma lá! se o noivo dela não tem porque esconder por estar num bar com essa vá... que está usando o MEU vestido então que me apresente a ela.

eles saem da mesa e vem em direção a minha. semblantes sérios, como quem quer dizer: conversas de negócios. urghhh, e que ele não me venha com reunião de negócios bebendo cerveja a essa hora!

um beijo. um tchau. sou uma imprestável mesmo.

coitada da minha sister.

cheguei em casa desolada. comi compulsivamente um pote de sorvete.

e agora josé? ligar para ela? contar? ver se está tudo bem? ligar para o desgraçado? exigir uma explicação? ameaçar contar tudo (tudo o que, mesmo?) caso ele não termine com a bruxa do meu vestido? não me meter com o problema dos outros?

será  o benedito que como sempre. eu não sei o que fazer...

atirada no sofá com o telefone na mão. pensei em zen, no equilíbrio interior. pensei que precisava voltar para o yoga. então resolvi serenamente que ficaria de bico fechado, já que fofoca é uma coisa ruim, um veneno. em vez disso, vou ligar pra ela , e perguntar se está tudo bem (com sua brilhante intuição feminina, ela irá perceber) e me contará tudo. ela já sabe de tudo.

e como é doce o fim da história que a gente imagina.

20 de jan. de 2013