7 de nov. de 2013

Do amor e outros demônios, Gabriel García Márquez


Ela lhe perguntou num daqueles dias se era verdade, como diziam as canções, que o amor tudo podia.
- É verdade - respondeu ele -, mas será melhor não acreditares.

Gabriel García Márquez é um desses autores que provocam na gente aquela vontade desesperadora de correr pruma livraria e comprar o melhor kit de canetas coloridas que lá tiver. E isso só para poder transcrever trechos num caderno bonito de forma especial pra guardar ainda mais vivo na memória e no coração. Um chimarrão e o mar também são bons amigos das canetas coloridas junto a um amor ao final do dia para a gente ligar e dizer "Tem um trecho aqui que eu quero ler para você".

É fascinante!

Suas palavras mesmo representando o real não conseguem se desgrudar da magia, e para pessoas como eu, que não conseguem viver excessivamente a realidade nem viver para sempre em sonhos, suas palavras ocupam espaços na alma. Preenchem direitinho aquele lugar que está vazio ou aquele outro guardado para as lanternas que iluminarão nossos caminhos pela vida inteira.

Antes de acabar "O amor nos tempos do cólera", eu não resisti ao passar pela Cultura e já me dei de presente "Do amor e outros demônios". E foi um demônio ter um livro novo, com cheiro de novo (<3 <3 <3), com capa de novo, com jeito todo de novo do mesmo autor por quem eu estava me apaixonando enquanto lia outra obra sua numas páginas mais amareladas. Eu queria ler logo o novo e ao mesmo tempo queria reler os parágrafos do livro que já estava lendo. Coisa de gente maluca, tão eu.

Terminado um, no mesmo instante comecei o outro. Devorei "Do amor e outros demônios" em menos de semana. E não por motivos de leitura fácil, porque García Márquez por vezes é denso em seu vocabulário e reflexões, mas por vontade de nunca mais me desgrudar de suas palavras.

Levei o livro pro trabalho pra ler quando um paciente faltava. Levei pro mercado pra ler enquanto esperava no caixa. Levei pra terapia e nunca foi tão prazeroso a espera para ser chamada. Levei pro shopping e li mais um tanto enquanto minha irmã experimentava todas as roupas da loja. Levei à delegacia por motivos óbvios. Só não levei mesmo foi pra academia. Terminei sua última frase na cozinha no exato momento em que o água fervia. Provavelmente as pessoas do meu convívio diário não aguentavam mais todas as citações do autor que eu fazia questão de lhes contar e todas as reflexões que vinham em torno delas.

A história da menina com metros de cabelo e mordida por um cão raivoso é muito mais do que uma história lúdica. É antes uma baita de uma reflexão sobre o amor e seus demônios, com um fundo de criticidade genialmente elaborado às instituições religiosas e a seus membros. E não importa quanto tempo a gente se demore em lê-la. Demorar para ler as histórias de García Garcia Márquez foi umas das coisas mais fantásticas que já fiz na vida.
São daquelas histórias que a gente nunca mais quer parar de ler.

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