28 de abr. de 2014

Cruzeiro Roupa Nova

eu era uma menina de 12 anos quando aprendi a tocar whisky a Go Go. desde aquele dia sempre morri de vontade de um dia ver e ouvir de perto.

Cruzeiro Roupa Nova – O SHOW! entre uma música e outra, várias reflexões sobre a vida e o nosso significado nela são feitas, e a gente acaba saindo de lá com aquelas lágrimas de guriazinha boboca e feliz por perceber que o caminho escolhido para a Luz é esse mesmo que a gente decidiu seguir. como um navio que vai entrando para o mar ao anoitecer, a gente vai percebendo que mesmo com toda a escuridão da noite no oceano, nós podemos ser pontos de luz a iluminar o que nos rodeia como um gigante pequeno frente a imensidão das águas. e que isso é muito! é navegar para lugares nos quais a maior parte das pessoas não compreende que o caminho que vai dar no Sol não é bem o aparentemente claro, mas aquele no qual muitas vezes a gente vai parar para tentar enxergar melhor o chão ou para resgatar alguém que tenha se perdido ou desistido de prosseguir.

enquanto o show do Roupa Nova adoçava meus ouvidos, eu ia me dando conta de que os caminhos da vida são, na verdade, sempre escuros, e que somos nós que devemos iluminá-los para alcançar o manto do Mestre e tornar o trajeto de quem vem atrás menos árduo. a Luz é uma estrela que a gente bota pra fora para clarear cada passo do nosso caminhar e do caminhar dos que vêm com a gente.

e se alguém compartilhar dessa minha paixão, eu digo: não percam um show do Roupa Nova por nada! se a oportunidade vier, não deixem de ir.

é de chorar.
é de sorrir pro resto da vida.

2 de abr. de 2014

lembro como se fosse hoje o dia em que minha mãe chegou em casa com aquelas sacolas bonitas que enchem a gente de curiosidade para saber se tem presente lá dentro. o sorriso da minha mãe, meio maroto, meio de mãe mesmo, entregava tudo antes de eu sair correndo e arrancar a sacola da mão dela. "Mãe, o que tu trouxe pra mim?". eu tinha seis anos quando abri aquele embrulho e me deparei com uma caixinha de vidro com um laço vermelho. fui abrindo com aquela felicidade desesperada de ser mais feliz de criança, enquanto a dona Marlene dizia "Calma, Josiani, assim tu vai quebrar o presente antes de saber o que é!".
abri, era um coisa redonda, pesada, com uns pauzinhos que se mexiam sozinhos dentro dele, num mesmo sentido, num mesmo tempo de pausa e movimento, feito uma coreografia de dança circular. fiquei alguns segundos olhando pra ver se encontrava alguma graça naquilo.
"Hoje tu vai aprender a contar as horas!". é um relógio! uauuu, um relógio! e minha mãe sentou ao meu lado e me mostrou como aqueles números mudariam a minha vida para sempre.
naquele dia nasceu a minha pressa e a minha tristeza ao saber que quinze minutos depois eu teria que parar de brincar e ir jantar. a partir daquele dia eu soube o quanto uma aula de matemática demoraria a passar, descobriria que eu não teria a vida inteira para brincar de esconde-esconde, pois um dia, depois daqueles pauzinhos darem um montão de voltas, eu deixaria de achar graça no brincar de esconde-esconde. agora tudo estava mudado, tudo tinha hora marcada, e eu não podia mais ser livre como antes. estava presa para sempre às regras do tempo: horário para acordar, estudar, almoçar, brincar, ir buscar minha mana, arrumar o quarto; e mais tarde: horário para aula na faculdade, final de semana para ver os amigos, ansiedade antes de um encontro, desespero de um atraso e um montão de outras coisas que se eu soubesse como funcionava não faria tanta questão de conhecer.
e comecei a olhar mais tempo para aquele objeto do que para a vida. vejam só, se isso mesmo pode ser verdade? a preocupação com o tempo foi tomando o espaço do meu viver. agora mesmo estou pensando em como eu queria parar o tempo e ficar aqui atirada na grama lagarteando no sol até quando eu terminasse de escrever tudo que sinto.