antes de dormir, tenho o hábito de fazer minha oração dum jeito meio louco mas meu que é o de visualizar Jesus caminhando ao meu lado e ao lado das pessoas que amo. e o que anda acontecendo desde domingo é que muitas das vezes em que me ponho a rezar o menino e seu cavalo aparecem no espaço do horizonte no qual converso com Deus. e eu fico tentando entender o que ao certo a vida quer me dizer com esse menino e seu cavalo, ou o que Deus quer me dizer sobre a vida de um menino e seu cavalo. e, talvez, hoje eu tenha conseguido entender um pouco desse mistério.
acho eu que ao percorrer a longa estrada dos nossos caminhos, a vida sem pressa, nos faz um convite. ela diz: Olha! e a gente, tão cheio de pressa para o final do percurso, não vê coisa alguma, ou quando vê acha que devia ver mais do que realmente há. a gente talvez tenha um certo vício de traduzir tudo, de transformar o mundo em algo que possa estar dentro duma órbita monitorada por nós. mas, talvez, a verdade daquele menino e de seu cavalo seja intraduzível, insubstituível. seja a palavra que nunca alcançará a definição de algo porque este algo simplesmente não precisa de definições. pois este algo por si só já é.
o menino e seu cavalo estavam na estrada do meu caminho, eu vi, e vi com olhos de quem vê, não de quem fantasia, não de quem cria, ou de quem a partir dali passa a descrever uma outra vida para o menino e seu cavalo. a vida me fez o convite. eu aceitei. olhei. e pronto. não há o que falar sobre porque há muito a se falar sobre.
para tentar deixar o que quero dizer um pouco menos maluco, penso que a palavra mais próxima do que sinto lembrando o menino e seu cavalo seja "humildade". a humildade perante a capacidade que eles tiveram de me colocar no lugar de quem agora sabe que, em alguns momentos da vida, as palavras devem se recolher e deixar o cotidiano ser com toda a sua força: real.
para tentar deixar o que quero dizer um pouco menos maluco, penso que a palavra mais próxima do que sinto lembrando o menino e seu cavalo seja "humildade". a humildade perante a capacidade que eles tiveram de me colocar no lugar de quem agora sabe que, em alguns momentos da vida, as palavras devem se recolher e deixar o cotidiano ser com toda a sua força: real.