13 de fev. de 2013

crescer dói

hoje acordei pensando em como a gente aprende com a dor. em como os anos nos acrescentam. em como os tombos nos fazem mais fortes. eu sei, isso soa um clichê...uma daquelas coisas que avós ensinam mas que a gente não pensa a respeito...e quanto tempo eu demorei pra me dar conta da veracidade inquestionável disso...

fiquei alguns minutos lembrando ontem a noite, antes de dormir, do quão angustiantes e conflitantes foram as aflições que tive na vida e, junto delas, quão valioso foi o meu salto depois de padecê-las.

o amor pela boneca chamada Lily que foi assassinada pelo cachorro do vizinho e me mostrou pela primeira vez a dor de uma perda, o primeiro pirulito de que mais gostava caído no chão e pisado pelo menino mais panaca da classe, o dia em que eu não pude mais sentir o cheiro do café da vó Eva - quando ela teve que ir para o andar de cima, o dia em que eu sai do colo da mãe, com 16 anos e uma mochila e uma cidade grande e desconhecida e uma universo de pessoas estranhas que passavam por mim e nem oi diziam até o dia em que eu descobri que príncipes podem virar sapos e que contos de fadas não passam de sonhos. doces e de doce de leite. 

tudo isso e tudo o mais no meio disso tornaram-me essa mulher de um metro e sessenta e cinco centímetros de altura e muitos outros de olhar...

reconheço garotos bobocas de meia tigela que paqueram garotas cujo pirulito jogam no chão à anos luz da terra, onde quer que eles se escondam e se mascarem de estrelas. aprendi a discernir quem brilha por uma noite no céu dos meus sonhos doidos de novela das oito e quem acende o céu pra que eu amanheça descabelada e bela.

depois de ver tanta gente fazer mal uns aos outros, sofrer bocados e mais bocados por amizades incapazes de perdoarem e muito capazes de cometerem os mesmos erros que eu cometi, identifico amizades no primeiro "oi, tudo bem, meu nome é Josiani, muito prazer".

com a dor do amigo que se foi, o eterno Alan, meu puxa saco e fã do meu futebol de menina de 13 anos, foi também o meu desastrado jeito de deixar as pessoas entrarem para além dos meus olhos. agora, são eles, os meus olhos, com um help da minha alma, que me dizem quem vem pra dentro do infinito de perguntas que me faço. pois, quando se é indefinida, precisa-se definir ao menos amizades que consigam entender de pontos de interrogação.

discernir momentos de amores, amizades de cerveja, bobocas de homens como meu pai, pão doce de pão-doce-de-coco... são aprendizados que a gente só apanha depois de muito apanhar, sabe?


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