fecha o sinal, alinha-se a mim um carro com uma mulher, loira, cabelos longos, cachecol com estampa lilás, bonita. vidros baixos, som alto, e lágrimas correndo.
ela chorava, chorava desesperadamente. um choro profundo e sem fim. fiquei imaginando o que teria acontecido, teria ela perdido a mãe, sido demitida, descoberto uma doença grave, terminado um relacionamento longo. coitada, a minha vontade era de perguntar: moça, tem algo que eu possa fazer? mas claro que não o fiz.
sinal abre, começo a torcer para que nos alinhássemos novamente no próximo, o que não ocorreu.
ela foi embora e cá estou até pensando no que levou aquela linda mulher a transparecer assim, sem medo.
quantas e quantas vezes eu já não tive vontade de chorar desse jeito, feito uma criança. chorar verdades. sufoquei. mania de ser forte. mas fico a pensar se a forte não era ela, que expressou assim, sem amarras, os seus sentimentos. porque a gente brinda e canta a alegria. mas temos vergonha do triste. como se fosse pecado.
queria eu ter lhe dado um abraço, dizer que iria ficar tudo bem, que a moça linda era linda e sorrir.
queria eu ter lhe dado um abraço, dizer que iria ficar tudo bem, que a moça linda era linda e sorrir.
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