25 de out. de 2012

trabalho é o amor tornado visível

o primeiro paciente a gente nunca esquece...véspera foi ansiosa. abri a porta, chamei o seu João. se levantaram um casal, de mãos dadas vieram até mim. o seu João, um senhorzinho simpático, pequeno, olhos azuis, do seu lado Loreni, uma senhora morena, forte. conduzi até a cadeira e ficamos numa prosa longa. – Nossa, me passei no tempo, pensei comigo. super atrasada, começo a preparar os materiais para o exame. e aquela ansiedade se transformou em prazer. foi uma felicidade que veio de dentro.

passaram-se os meses. chegou a hora de desperdi-se do seu João e da dona Loreni. aquele senhor de olhos bonitos mas que antes não podia sorrir, chorou. olhou nos meus olhos, e me deu um abraço.
e, naquele dia, senti uma coisa que palavras não traduzem.

o seu João foi o primeiro. ele era um desconhecido que estava com os pés suspensos e a boca aberta (literalmente). inseguro, no início olhava-me com dor, quase pedindo colo.

quão simples foram os nossos momentos, de trocas. como eu aprendi com aquele casal, que nutria um amor de 54 anos.

no fim, ele fez parte da minha história, e me deixou pela primeira vez a emoção em sentir que nas minhas mãos há a arte de modificar a vida dos outros através de simples, mas sinceros sorrisos...

eu, uma menina de 16 anos, senti o gosto do acerto. sim, acertei! farei isso pelo resto dos meus dias e será sublime.ninguém me disse, mas eu desde aquele dia, sabia.

os anos passaram, muitos pacientes vieram, muitas histórias, e muitos sorrisos. e sério, que delícia trabalhar com sorrisos. que delícia espalhar sorrisos mundo afora e levantar auto-estimas.

hoje só tenho a agradecer, por tudo e todos que passaram. tenho orgulho do que faço, e quero continuar fazendo até quando e onde Deus assim o permitir.


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